Na semana passada tivemos um exemplo de como as universidades públicas são importantes para o país. O jovem formando de Letras da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ivan Souza, apresentou usando a Libras (Língua Brasileira de Sinais) seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) que é inédito: uma história de quadrinhos em Língua Terena de Sinais (LTS). O projeto retrata a língua indígena de sinais da comunidade terena, que tem em Mato Grosso do Sul sua maior comunidade – cerca de 20 mil indivíduos.
Aprovado pela banca que contou algumas das maiores autoridades em linguística do Brasil, Ivan busca dar visibilidade às línguas de sinais marginalizadas. “Desde o início, o objetivo era fortalecer o reconhecimento e a preservação das línguas de sinais indígenas e dialogar com a importância de não realizar o mesmo processo histórico de monolinguismo que ocorre com a língua oral (português)”, diz Souza que destaca a transformação que o trabalho promoveu em sua trajetória como pesquisador. “Pude aprender sobre o processo que envolve a pesquisa, desenvolver um trabalho multidisciplinar e conhecer uma cultura nova que sem esse trabalho provavelmente eu nem saberia da existência. E o mais legal é que agora estou conseguindo compartilhar isso com muitas outras pessoas”, disse Ivan em entrevista ao Bonito Mais.
O trabalho de Ivan, que teve como resultado a HQ, foi coordenador pela professora Kelly Cezar, da UFPR. “O grande impacto do trabalho do Ivan foi poder trazer a visibilidade da pluralidade linguística das línguas de sinais de um país com tantas diversidades e poder dialogar com a comunidade acadêmica e sociedade sobre os sérios risco de extinção que essas línguas tem”, afirma Kelly.
A História em Quadrinhos escrita por Ivan no seu TCC está sendo preparada para impressão. O Instituto de Pesquisa da Diversidades Intercultural (Ipedi), parceiro do projeto, irá distribuir parte das HQs para escolas indígenas terena de Miranda, cidade com a maior concentração de terenas do Brasil, com cerca de 9 mil indivíduos vivendo em 9 aldeias. Outra parte será vendida e os recursos arrecadados revertidos para a realização de cursos de qualificação de professores indígenas para lidar com alunos surdos.