Por Tania Maria Pellin
Aquela chama que cativa o olhar, que aquece em noites frias e solitárias é a mesma que no momento traz a angustia, dor e sofrimento ao reino animal e vegetal. Vivenciamos o Pantanal em chamas, os noticiários transmitem informações sobre a trágica catástrofe ambiental, considerada o maior na região pantaneira até hoje.
Ao abordarmos o tema “queimadas”, podemos classificá-lo da seguinte maneira: natural, aquela que acontece por eventos naturais, como a queda de um raio e temperatura elevada acompanhada de baixa unidade do ar.
Quando o ser humano ateia fogo em áreas distintas, denominamos queimadas artificiais. Deste os primórdios da humanidade esta prática causa danos à qualidade do ar e ao solo. Inicialmente, quando a forma de preparar o solo era rudimentar o uso da coivara era constante. Argumentava-se que a mesma era utilizada para limpar o terreno, sendo que o mesmo seria adubado por meio das cinzas. Muitas vezes a prática fugia do controle, invadindo matas e causando danos ao meio ambiente.
Seja a queimada natural ou artificial, os riscos causados pela mesma são incalculáveis, justamente o que está acontecendo no tempo presente. O vento muda de direção constantemente, levando as fagulhas para áreas diversas, provocando incêndios em diferentes pontos. O fogo fica fora de controle. Indomável, destruidor!
Na escuridão da noite, o clarão na mata amedronta o pantaneiro, o fogo está à espreita, estalando ao queimar tudo que tem pela frente. É o verdadeiro fogo consumidor, que vem fazendo barulho, trazendo medo, procurando algo para alimentar suas chamas, deixando para trás apenas cinzas.
“No mundo, áreas como o estado da Califórnia, nos Estados Unidos, e a Austrália são constantemente afetadas por incêndios florestais que, na maioria das vezes, saem do controle e causam a morte de habitantes”. Os mesmos são comuns em períodos em que as temperaturas são elevadas.
No Pantanal sul-mato-grossense, todos os anos o fenômeno ocorre, mas nos últimos anos a proporção em que as queimadas acontecem se tornou um sério problema ambiental. Os efeitos colaterais das mesmas se intensificam. A fumaça ao excesso vem prejudicando a qualidade do ar, até mesmo em áreas distantes. As correntes de ar as transportam para longe, causando danos a saúde e ao meio ambiente. Os danos não param por ai, acentua-se a erosão degradando o solo; aumenta o dióxido de carbono na atmosfera; animais perdem o habitat natural, isso, quando se salvam das chamas. Os rios e nascentes são poluídos com cinzas, levadas pelas chuvas ao leito dos mesmos.
O bioma do Pantanal é vasto e diferenciado, ainda há muito a ser catalogado. Até agora, quase duas mil espécies de plantas foram identificadas e classificadas, por ser uma área extensa ainda há muito a ser estudado. Além disso, o bioma é reconhecido como Patrimônio Nacional, Patrimônio da Humanidade e Reserva da Biosfera .Menciono que rios, lagos, açudes e aqüíferos acabam sendo poluídos e a vegetação pode ser extinta, sem ao menos ser catalogada.
Ao final da tarde, quando ocorre o crepúsculo, ainda nos encantamos com o Sol vermelho, mas sabemos nós que é um efeito resultante de poeira, fumaça e poluentes que intensificam os tons alaranjados e avermelhados? Ao fazermos uso do Smartphone, tentamos eternizar o instante, momento este em que a natureza pede socorro! Qual será o legado deixado por nós, em relação ao meio ambiente, para o futuro de nossas crianças?