Índios terena ganham história em quadrinhos em língua indígena de sinais

Últimas Notícias

Uma história em quadrinhos (HQ) em língua indígena de sinais está sendo produzida pelo Instituto de Pesquisa da Diversidade Indígena (Ipedi) em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR).

As comunidades indígenas possuem uma linguagem própria de sinais –  diferente da Libras [Linguagem Brasileira de Sinais] –  utilizada por índios surdos. “A Libras é uma língua sinalizada oficializada após muitas lutas de uma língua de minoria. No entanto, as demais línguas sinalizadas, indígenas, por exemplo, a Terena, ainda não alcançaram esse status político e linguístico”, explica a linguista, presidente do Ipedi, Denise Silva.

Ocorre que, por uma dinâmica própria da comunidade, os índios criaram sua própria língua de sinais, a Língua de Sinais Terena. Com a HQ os idealizadores buscam possibilitar acessibilidade as indígenas surdos, bem como “levar para comunidade de surdos brasileira que utiliza a Libras que existem outras línguas sinalizadas no próprio país e precisa ser um conteúdo escolar para não reproduzir o conceito de que existe uma única língua de sinais no Brasil e uma delas é a terena”, explica a pesquisadora doutora Kelly Priscilla Lóddo Cezar da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que coordena a realização do projeto.

A HQ “Sol, a pajé” surda deve ser impressa a distribuída para escolas públicas indígenas em comunidades terena. O enredo tem como personagem principal uma mulher indígena surda anciã chamada Kaxe. Ela exerce a função religiosa de pajé – Koixomuneti, na língua terena – nesta comunidade. Ao ser chamada para auxiliar em um parto – ritual típico – e após pedir a benção dos ancestrais para o recém-nascido, o futuro do povo terena é revelado e transmitido de forma visual. Para dar a representatividade histórica, a HQ se utilizada predominantemente de elementos visuais para compor a estrutura da linguagem dos quadrinhos indo ao encontro da estrutura linguística das línguas de sinais – visual-espacial. Assim, o processo de identificação dos surdos brasileiros se dá de forma natural. O objetivo geral da narrativa foi apresentar a história do povo terena de forma visual e acessível aos surdos ou ouvintes pertencentes ou não a essa comunidade.

A HQ é resultado de dois anos de pesquisa do orientando da professora Kelly, Ivan de Souza, nos projetos de iniciação científica – Programa Institucional de apoio à inclusão social UFPR/Fundação Araucária (2018-2020).

A linguista Kelly Priscilla Lóddo e o autor Cezar Ivan de Souza: inclusão

6 COMENTÁRIOS

Notícias Relacionadas

PMA inicia operação com foco na prevenção e repressão à pesca predatória

A PMA (Polícia Militar Ambiental) começa nesta quinta-feira (28) a Operação Semana Santa, com reforço da fiscalização nos rios...