Denúncias de ameaças, prisões em flagrante por agressão e histórias de medo e violência marcaram o fim de semana na região Sudoeste de Mato Grosso do Sul. Pelo menos seis casos de violência doméstica foram registrados pela polícia só nas cidades de Bonito, Jardim e Porto Murtinho. Em quatro deles, os autores foram presos.
Em Bonito, a Polícia Civil registrou dois casos de violência doméstica. O primeiro aconteceu na noite de sábado (20), no Rio Bonito. Policiais militares foram chamados pela própria vítima, uma mulher de 42 anos, que foi ameaçada de morte pelo ex-marido, de 45 anos.
A vítima contou que morou com o autor por um ano, mas que já estavam separados há um mês e por isso ele se mudou para casa de familiares. No sábado de noite, no entanto, apareceu na residência da ex-mulher, enquanto ela e uma amiga conversavam na calçada, se sentou entre elas e depois de um tempo pediu para usar o banheiro.
Quando o homem levou para entrar no imóvel, a vítima percebeu que ele carregava uma faca na cintura. Ela esperou o ex-marido sair do banheiro e pediu para ele levantar a camiseta. Ele obedeceu e a vítima aproveitou o momento de descuido para tomar a faca. Descontrolado, o autor ameaçou. “Você vai morrer na minha mão”.
O homem partiu para cima da ex-mulher, que usou uma cadeira para se proteger. A filha da vítima, que também estava na casa, ouviu a briga e correu para ajudar a mãe. Ela conseguiu empurrar o suspeito para fora. O autor foi embora, mas voltou pouco depois, invadiu a casa novamente e entrou no banheiro, onde estava trancado quando os policiais chegaram.
Em depoimento, a vítima afirmou manifestou o desejo representar criminalmente contra o ex e pediu medidas protetivas, por isso, ele foi preso em flagrante pelo crime de ameaça. Horas depois, no Centro da cidade, os policiais militares foram novamente acionados, desta vez para socorrer uma jovem de 22 anos.
Já era tarde de domingo (21) quando moradores ligaram para a polícia e contaram que um homem, de 37 anos, estava agredindo a mulher no meio da rua, próximo a subestação de energia. No local, os militares só encontraram a vítima e ao conversar com ela descobriram um histórico de agressões e medo.
A jovem relatou que almoçou com o marido na casa dos sogros e depois de horas bebendo, ele a chamou para ir embora. No meio do caminho, as agressões começaram. O autor brigou e xingou a mulher, deu um soco em seu peito e jogou a bicicleta em que estavam em cima dela. Ainda nervoso, o homem quebrou o celular da vítima antes de ser impedido por populares de continuar os atos de violência.
Afirmando que mataria a vítima enforcada assim que ela chegasse em casa, ele fugiu do local pouco antes da chegada da polícia. Enquanto era socorrida, e jovem de 22 anos contou que não é a primeira vez que apanha do companheiro. Relatou uma rotina de agressões e ameaças e relevou o desejava se separar e voltar para Ponta Porã, onde morava antes do casamento, mas que por medo e falta de condições financeira nunca conseguiu fazer isso.
Em buscas pela região, os militares encontraram o suspeito. Ele estava perto do estádio municipal e foi preso em flagrante por ameaça, lesão corporal dolosa. Há 69 quilômetros da dali a Polícia Civil de Jardim também registrava casos de violência contra mulheres.
Uma mulher de 29 anos denunciou o ex-marido por tentativa de agressão. O casal esteve junto por dez anos, mas estava separado desde julho. Na noite de sábado, a vítima tomava tereré com duas amigas, uma delas sobrinha do autor, quando ele chegou em sua casa e se sentou com elas.
Em determinado momento, o homem segurou o braço de ex-mulher e tentou agredi-la, mas foi impedido pela própria sobrinha. Nesse tempo, a vítima correu para dentro de casa, onde estava a sobrinha dela. Ao ver a situação da tia, a jovem pegou o telefone e ligou para a polícia, enquanto conversava com os policiais, teve o celular tomado das mãos pelo suspeito. Ele fugiu logo em seguida e não foi encontrado pela polícia.
No mesmo dia, um homem de 30 anos foi preso em flagrante por agredir a esposa até ela desmaiar na Vila Carolina. Moradores da região acionaram a polícia após presenciar o crime. Quando os militares da Força Tática chegaram ao endereço do casal, encontraram o suspeito em frente de casa. Ele negou o crime, mas enquanto conversava com a equipe, a vítima saiu da residência toda ensanguentada.
A mulher de 25 anos relatou que levou vários socos no rosto. Diante do depoimento da companheira, o suspeito se mostrou violento, pegou uma pedra e gritou que não seria preso. Para contê-lo, os policiais efetuaram disparos de bala de borracha. Mesmo assim, o autor tentou fugir. Saiu correndo, pulou muros e entrou em um matagal.
Os policiais pediram reforço para localizar o suspeito e resolveram levar a vítima para o hospital. Na unidade, os militares descobriram que a mulher teve o nariz fraturado durante as agressões. Pouco depois, uma nova denúncia chegou a polícia. O autor esteve na casa de um conhecido e o ameaçou de morte.
Com essa nova informação, os militares fizeram buscas pela região e encontraram o autor na Rua Nilo Peçanha, onde foi preso em flagrante por ameaça e lesão corporal. O homem estava com uma tornozeleira eletrônica rompida na mão e os policiais descobriram que ele estava em liberdade monitorada. Após o atendimento médico, a vítima contou ainda que durante sete anos de relacionamento sempre foi ameaçada e xingada, mas pela primeira vez foi agredida.
No Bairro Parque do Sol, ainda em Jardim, um jovem de 22 anos tentou esfaquear a esposa, de 21. Ele chegou a cortas as pontas dos dedos da vítima e a arranhou no pescoço. Antes de fugir, ainda a ameaçou: “você vai ver, o que é seu tá guardado”. Para a polícia, a mulher contou que está com o autor já mais de 2 anos e já registrou um boletim de ocorrência contra ele.
A polícia também registrou caso de violência doméstica em Porto Murtinho. Um militar do Exército Brasileiro, de 25 anos, foi preso após agredir a esposa, de 22. O crime aconteceu durante uma discussão por conta das despesas da casa. Na versão da vítima, ela quebrou o celular do marido durante a briga e em resposta ele tentou agarrar seu pescoço e arrancar um colar de ouro que sua, deixando lesões aparentes. O caso foi acompanhado por uma Guarnição do Exército.
Violência diária
Os dados de violência doméstica em todo o Brasil há anos preocupam as autoridades, mas durante a pandemia e o isolamento domiciliar necessário para conter a disseminação do vírus a situação se agravou. Segundo o Ministério da Saúde, a cada quatro minutos uma mulher é agredida por um homem em ambiente doméstico.
De janeiro deste ano até hoje, Mato Grosso do Sul registrou 1125 casos de violência doméstica. Seis mulheres já foram assassinadas pelos companheiros. No mesmo período do ano passado, foram 1357 casos. Os dados são da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul).
A necessidade de atendimento especializado para as essas vítimas fez com que o governador do Estado, Reinaldo Azambuja, sancionasse lei que prevê a implantação de protocolos de prevenção e acolhimento nos casos de violência doméstica contra mulheres e crianças durante o período de pandemia da Covid-19.
Entre as medidas previstas na lei, estão a divulgação de canais de denúncias; a disponibilização de canais de informação e orientação, como direitos, formas de denúncia e órgãos de atendimento; a instituição de programas de atenção e proteção às mulheres em situação de violência doméstica, especialmente aquelas que possuem medidas protetivas de urgência; e informação sobre iniciativas de higiene, prevenção e proteção, visando a evitar o contágio e a transmissão da covid-19.
Em 2020, 11 mulheres foram mortas em Campo Grande e outras 28 no interior do Estado, um total de 39 vítimas de feminicídio.
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