Um incêndio de grandes proporções devastou quase 4 mil hectares de banhado do Rio do Prata, próximo ao Parque Nacional da Serra da Bodoquena, segundo levantamento por satélite da Fundação Neotrópica. O fogo, que teve início na ultima quarta-feira (7), levou quatro dias para ser contido e deixou rastros de destruição não apenas na vegetação, mas na vida silvestre do local, por isso ONGs e pesquisadores tem se organizado para iniciar os trabalhos de levantamento e resgate da fauna atingida, porém, com dificuldade em acessar as áreas devido a resistência de alguns proprietários.
Relatos das equipes que trabalharam no combate ao fogo são de que diversos animais não conseguiram fugir e morreram queimados, como o caso da sucuri de 5 metros, que virou destaque em diversos veículos de comunicação do Estado. Outros muitos foram vistos tentando escapar, mas não é possível saber se sobreviveram, “por isso a necessidade da ação imediata, visto que muitos podem estar feridos”, destaca uma bióloga do grupo Unidos da Serra da Bodoquena.
Conforme a secretária de Meio Ambiente de Bonito, também ao grupo, uma equipe da GRETAP-MS (Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal), ligado a Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) já está no município realizando os primeiros atendimentos, mas não detalhou que se tiveram acesso a todas as áreas atingidas.
Segundo representantes do grupo, alguns proprietários, como na Fazenda São João, não tem poupado esforços, seja nas ações de combate ao fogo, como no apoio as equipes que fazem o levantamento da fauna, porém há resistência por parte de outros.
“Todos sabemos que existe uma enorme animosidade nesta relação, precisamos discutir isso de maneira sóbria para efetivarmos a conservação do meio ambiente, aqui no Planalto da Bodoquena e no Brasil como um todo. Neste momento creio que devemos agir de boa vontade, se tiveram proprietários que fecharam as porteiras para nós, paciência, alguns ajudaram muito no combate e mostraram sensibilidade à causa”, detalhou um dos membros do grupo.
Atropelamentos – Outra questão levantada no grupo pela bióloga Fernanda Abra, da Via Fauna, é a questão do atropelamento de animais, que deve ser amplamente trabalhada em situações como essa. “Um incêndio dessa proporção impacta muito a fauna local e faz com que os animais, em busca de socorro, invadam as rodovias. É necessário muita atenção dos condutores nas estradas próximas aos locais atingidos, não apenas para evitar acidentes, mas como para tentar preservar a vida desses animais”, finaliza.