Em seu dia preferido, Baiano Louco deixou seu último “oi amô” e partiu 

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Bonito é cheio desses personagens inusitados, gente única, particular, especial. Deve ser coisa de interior eu acho, afinal, toda cidade pequena tem a Catarina Louca, Edmílson Louco, o Baiano Louco. Gente que fez parte da história e que um a um, foi partindo e deixando Bonito mais quieto, mais triste.

No último sábado – 2 de outubro – aniversário da cidade e segundo a amiga mais próxima, Cidinha Alves, o dia preferido do nosso icônico Baiano Louco, ele se despediu e partiu para sua última viagem.

“Dia que o Oi Amô mais gostava,aniversário de Bonito e vc escolheu está data linda pra ir morar cm Deus… Baianinho tomando meu último cafezinho, só lembranças restaram”, publicou em suas redes sociais a amiga.

Natural do Paraná, ele veio para Bonito há mais de quatro décadas e aqui ficou conhecido pelo seu jeito alegre, meio doido, sempre de bicicleta, passeando pelas ruas da cidade e gritando seu “Oi Amô” para todos.

Difícil que não tenha uma lembrança, uma história. Eu mesma lembro-me perfeitamente de quando me ofereceu para tomar um ‘toddy’ com ele, em uma padaria na região central da cidade. Na época ainda era menina, estava indo para escola, e virou a piada do dia.

Infelizmente, nos últimos tempos já não o víamos tanto nas ruas. A pandemia assustou e a solidão da casa deixou seus dias mais tristes. Há quem diga que alegria foi substituída por uma depressão, já que não podia mais passear com sua bike por aí.

De coração bom, mesmo não tendo muito, ajudava quem precisava. “Era uma pessoa dócil, sempre coração muito bom, chorava quando vias as pessoas precisando. Ele sempre falava e a gente conseguia cestas básicas, entregava para as pessoas. O que ele ganhava da aposentadoria dele, comprava em comida e dava para as pessoas. Ele pagava a água e a luz e o restante sempre ia para ajudar as pessoas. Ia nas escolas, dava balinha para as crianças, na porta das igrejas. Eu acho que por ele não ter filhos, ele considerava todas as crianças como se fossem filhos dele”.

Dos sonhos que tinha vida, o maior, segundo a amiga, era conhecer a Praia da Figueira. “Um dia foi levar uns docinhos para ele e perguntei qual era seu sonho, aí ele disse que era conhecer o atrativo, porque anos antes havia ido lá e não o deixaram entrar. Então a gente se organizou e na pandemia mesmo, fomos levar ele lá. Ficou muito feliz, emocionado”, acrescenta Cidinha.

Luiz Marcelino da Conceição, como se chamava, faleceu no último sábado (2), em sua casa. Ele sofreu um AVC hemorrágico e foi encontrado por um amigo, que costumava visitá-lo diariamente.

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