Esperança e tristeza. Ter essas duas sensações, tão conflitantes, de uma vez só. Isso é uma coisas que a pandemia tem causado em muitas pessoas.
Daniele Mathias é funcionária pública. Ela perdeu o pai, Antônio Mathias, 80 anos, em 27 de dezembro do ano passado, vítima da covid-19. Antes de falecer, seu Toninho ficou um mês internado entre o hospital de campanha improvisado numa escola Municipal de Miranda e o a Unidade de Terapia Intensiva da Santa Casa Campo Grande. Seu Toninho teve trombose, 75% do pulmão afetado e amputou uma perna. No dia de Natal, ele teve uma melhora. Acordou e até conversou com a família por vídeo-chamada. Não sabia que tinha um membro amputado. Teve uma piora em seguida. E enlutou não apenas a família como uma cidade inteira que o admirava.
Todas estas lembranças tristes vieram à tona para a família do seu Toninho na semana passada, ao mesmo tempo em que veio, também, uma esperança: dona Maria, mãe de Daniele, foi vacinada com a primeira dose do imunizante contra o coronavírus. “Ver minha mãe sendo vacinada, eu fico feliz e me dá muita esperança. Por outro lado eu fico mal em saber que meu pai não teve a chance e nem a oportunidade de ser vacinado”, diz Daniele Mathias. “Ele sonhava com a vacina”, conta ela.
A vacina, talvez, permitisse que seu Toninho estivesse com a família ainda hoje. É o que pensa a Daniele. “Eu acho que se meu pai fosse vacinado, talvez, sim, ele teria mais chance”, afirma.
Com dona Maria, 73 anos, vacinada, a família sente-se um pouco mais segura. “Desde quando saiu a vacina a gente ficou desesperado para ela ser vacinada, porque a preocupação depois que o pai faleceu foi da mãe pegar. Quando ligaram para avisar que a mãe seria vacinada, meu Deus, chorei de alegria, esperança porque minha mãe é o que nos ficou, é o que nos restou”, relata Daniele, emocionada.
A esperança foi reforçada. Dona Luzia Vicente, mãe da dona Maria, avó da Daniele, aos 94 anos já tomou as duas doses da vacina.