Um 19 de abril com atividades repletas de cuidados sanitários, evitando aglomerações, promovendo uso de álcool em gel, sempre ao ar livre, com uso de máscaras. As comunidades indígenas de Miranda, MS, parecem, assim, se adaptarem ao que se convencionou a chamarmos de novo normal.
Tradicionalmente o Dia do Índio é celebrado pelos mais de 8 mil indígenas de Miranda com festa, danças e apresentações culturais além de grandes banquetes, com muito churrasco em cada uma das oito aldeias do município. Mas, desde 2020, quando começou a pandemia do coronavírus, a realidade tem sido outra.
Enquanto no ano passado as atividades do 19 de abril foram canceladas nas aldeias de Miranda, em 2021 a festa foi menor, cheia de protocolos de biossegurança, sem grandes churrascos, mas aconteceu.
Na aldeia Lalima, a que fica mais distante da área urbana de Miranda, cerca de 48 quilômetros, um grupo de mulheres preparou a Feira Livre, onde comercializam comidas típicas e artesanato. No acesso à feira, álcool gel para os visitantes. E todos usando máscaras.
Na visita que o Bonito Mais fez àquela comunidade, a professora indígena Vânia de Oliveira levava uma grande sacola, com máscaras de tecido novas lacradas em saquinhos menores. Toda vez que a mulher via alguém sem máscara ela corria a oferecer, de graça, a proteção.
Em comunidades como a aldeia Babaçu, que fica acerca de 15 quilômetros do Centro de Miranda, apenas um representante de cada família foi convocado a comparecer à Oca Cultural da aldeia. Ali rezaram, conversaram com autoridades como o prefeito interino André Vedovato (PDT) e os vereadores Dani Arguelho (PDT), Emiliano Martins (PT) e Marcão (PSDB) que visitaram as aldeias. Tudo com distanciamento, uso de máscara e ao ar livre. Os apertos de mão substituídos pelos novos “toques de cotovelos”.
Na cerca em torno da feira das mulheres da aldeia Lalima, os povos indígenas mandam o recado: “Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos”. Uma mensagem sobre a qual deveríamos refletir, especialmente nestes tempos de pandemia.