É mais um domingo de caminhada no parque, um ritual que adquirimos nos últimos meses. Aquela hora do dia se tornou sagrada, um momento exclusivo de mãe e filha mesmo.
Enquanto corre na minha frente, “para completar a meta do dia”, eu sigo o mesmo caminho traçado por ela, mas com bem mais calma. Me pego pensando que analogia engraçada com a vida. Todos os dias me percebo seguindo seus passos. Usando a força como exemplo e os caminhos como direção, a se seguir ou não. A verdade, é que ela sempre vai a frente, abrindo os caminhos para mim.
As vezes ela volta para me resgatar. Outras corre do meu lado e me incentiva ir mais longe. Mas também me deixa seguir só, encontrando minha própria velocidade, meu próprio trajeto. Ainda assim, está sempre ali, ao alcance do meu grito. Basta chamar.
Sempre foi assim na verdade. Ao longo dos meus 28 anos foi ela a única pessoa com quem eu sempre pude contar. Independente do tempo, da distância, da confusão. Da minha confusão ou da dela. Sempre foi minha amiga, mas hoje se tornou minha melhor amiga. É uma relação sublime. Ela está aqui para mim e eu para ela.
Quase tudo que sou vem dela. Minha força é reflexo da dela. Minha independência, a vontade de nunca parar e por ter visto ela lutar a vida inteira. A alegria com coisas simples, as dancinhas esquisitas, até a mania de comer cenoura crua e assistir dorama, com toda a certeza não faria isso se não fosse ela. A vontade de viver, de sonhar e de voar.
Observar ela me ensinou também a definir o que eu não quero. O que eu não posso aceitar. Me deu coragem para ariscar, a recomeçar. Mas é inegável. Sem a luz dela eu seria pura escuridão. Quando eu quis simplesmente me entregar a tristeza, foi ela quem me segurou e as vezes acho que ela não tem dimensão disso.
Ela sempre me deixou crescer do meu próprio jeito, fazendo minhas próprias escolhas, mesmo quando visivelmente discordava ou não entendia. Por isso, talvez, ela não tenha percebido o quanto o simples fato de me deixar errar, mas sempre estar ali do meu lado para me socorrer, foi a maior prova de amor que pode me dar.
Nunca seria a Geisy de hoje sem meus erros e acertos. Mas principalmente, eu nunca seria a Geisy de hoje sem minha mãe. Não teria me tornado a mulher que me tornei. Não teria a mesma força para seguir, não seria a jornalista, a estudante de direito, não defenderia o que acredito com tanta persistência.
Sou um reflexo dela com mil outras pessoas e vivências na história. E meus caros leitores, SER uma parte da minha mãe é algo gigante. Caberia aqui explicar o quanto ela foi incrível me criando sozinha, mas acho que se você leu até aqui, já entendeu isso. Minha mãe é pura luz. O sorriso dela leva vida as pessoas. O amor dela me deu vida. Continua a dar todos os dias. E vai ser assim por toda a eternidade.
Sou grata ao universo por ser filha dela. Por viver ao lado dela e aprender todos sobre o amor. Obrigada por tudo mãe. Te amo!
Uma homenagem de Geisy Garnes para sua mãe, Gislany dos Anjos Garnes