Por Tania Maria Pellin
Tania Maria Pellin. Graduada em Pedagogia pela Faculdades Integradas de Naviraí –
FINAV, em 1996, Naviraí/MS. Especialista em Psicopedagogia pelo Centro
Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN, em 2007, Dourados/MS. Atua como
professora na Fundação Lowtons de Educação e Cultura – FUNLEC/ Bonito/MS.
O mundo mudou, nunca mais seremos os mesmos!
Ouvimos esta frase em todas as redes sociais, momentos ou lugares, desde a declaração em estado de Pandemia pela Organização Mundial da Saúde em 20 de março de 2020 pelo novo coronavírus ou (Sars-Cov-2), segundo a OMS “em uma escala de tempo muito curta, e estamos muito preocupados com os níveis alarmantes de contaminação “.
Aliás, quais eram seus planos para 2020? Também mudaram após as primeiras notícias de Wuhan, Capital da Província chinesa de Hubei, quando sentimos algo preocupante no ar. O início de 2020 mudou para sempre a vida de muitos em todo o mundo. Os afazeres, a vida em sociedade, tudo ganhou novos contornos, graças a velocidade da informação, quando um sentimento coletivo de medo e incerteza assolou a todos. A autocomunicação através das redes sem fio, foi fundamental para espalhar os acontecimentos de Wuhan alcançando uma multiplicidade de receptores e infindável conexões na transmissão destes eventos como fenômeno de comunicação de massa. Para (CASTELLS[1], 2012), é comunicação de massa porque as mensagens são de muitos para muitos alcançando a multiplicidade de receptores, “ É autocomunicação porque a produção da mensagem é decidida de modo autônomo pelo remetente, a designação do receptor é autodirecionada e a recuperação das redes de comunicação é autoselecionada. A comunicação de massa baseia-se em redes horizontais de comunicação interativa que, geralmente, são difíceis de controlar por parte de governos ou empresas” (2012, p. 12).
A utilização das redes numa Sociedade em Rede da qual fala CASTELLS, possibilitou que as informações referentes ao novo coronavírus, e sua inacreditável disseminação, chegasse até nós.
De repente nos vimos diante de situações inusitadas que jamais imaginaríamos nem em nossos sonhos mais ousados, entretanto, a História nos ensina olhar para o passado e perceber que o momento atual não é tão inusitado assim, vide a Peste Negra e a Gripe Espanhola. Assim como o momento e os atores são outros, não os mesmos do século XIV e XX, a História em curso da Pandemia provocada pelo SARS-CoV-2 também e não se repete, como asseverado por Karl Marx, na abertura de O 18 de Brumário de Luís Bonaparte (1852), “ Os vexames históricos se repetem. Friedrich Hegel escreveu que a “história se repete sempre, pelo menos duas vezes”; Karl Marx somou: “a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”.
Vivenciamos a história como tragédia.
Podemos comprovar através de fatos históricos que a humanidade passou por situações semelhantes em um período de tempo longo entre a Peste Negra e a Gripe Espanhola. Entre esta última e a COVID-19, foi percorrido um tempo curto, onde as marcas da segunda ainda não foram esquecidas. A Gripe Espanhola, como a COVID-19, não escolheu seus mortos. Em 16 de janeiro de 1919 o presidente eleito para governar o Brasil, Francisco de Paula Rodrigues Alves, faleceu da Gripe Espanhola. Tancredo de Almeida Neves, também faleceu em 21 de abril de 1985, vítima de uma diverticulite, sem poder tomar posse.
Neste caso a História se repetiu como tragédia.
Rememorando a História através dos fatos, a gripe espanhola ocorrida entre os anos de 1918 e 1920 foi devastadora. Atingiu todos os continentes, deixando um número alarmante de mortos. Calcula-se entre 50 a 100 milhões de vítimas, mas deduzimos que o número foi superior, pois no momento do ocorrido não existia uma contagem e aproximação de dados tão eficientes tanto quanto temos nos dias atuais.
Ironicamente a história se repete, estamos vivendo nos dias atuais a pandemia do século XXI, COVID-19, semelhante a que atingiu a humanidade no século XX. As causas da COVID-19 não são totalmente claras, mas as evidências e a desestruturação econômica e social são gerais.
A saúde da humanidade foi ameaçada. Nações unidas, juntas em busca de um mesmo ideal não medem esforços para superar a crise mundial. A corrida por uma vacina, a expectativa de cura ou de controle, colocou cientistas nesta busca incessante, se debruçando em livros, informações digitais e, de todas as maneiras tentando mitigar seus efeitos. Por mais de um ano o temor a muitos assustou.
Nossas crianças, deixaram de frequentar as escolas. Gritos, risos e brincadeiras, foram silenciados. Os prédios escolares vazios, denunciaram uma anormalidade bem como cidades adormecidas. Vivenciamos um dia em que a Terra parou.
O mundo inteiro deixou seus afazeres em uma tentativa desesperadora em tentar parar o vírus, palavras como isolamento social e lockdown são repetidas à exaustão. A humanidade ainda tem muito o que aprender, talvez uma volta ao passado nos ajudar a compreender o presente. A motivação da compreensão do passado, motivou o tema da redação da FUVEST em 2019 a importância do passado para a compreensão do presente, visão esta já asseverada por Bloch em 1949, “A incompreensão do presente nasce fatalmente da ignorância do passado. Mas não é talvez coisa menos vã consumirmo-nos a compreender o passado, se nada sabemos do presente” (BLOCH, 1949, p. 47).
A Pandemia – COVID-19 nos mostra o quanto somos falhos, deixa evidente que a empatia verdadeiramente não existe, não atua como deveria. Esta capacidade empática de sentir o que outro sente, como se estivesse em seu lugar, para compreender sentimentos e emoções dos infectados pelo Sars-Cov-2, deixou a desejar.
Ainda temos um caminho a percorrer até a rotina voltar ao normal, precisamos preservar a vida em todos os sentidos. Estar no lugar do outro, sentir suas dores, necessidades e entender os que perderam um ente querido, deve voltar a ser a tônica de nossas vidas.
Sente-se a dor de perder quando se tem empatheia, palavra grega para paixão, comunicação afetiva com outro, experiência de sentir, entrar no sentimento do outro.
Precisamos ter consciência que a “História pode ser repetir”, mas que evoluímos e juntos superaremos as dificuldades. Então, enquanto tudo isso ainda não acabou, não chegou a um fim tão esperado, vamos continuar a fazer nossa parte, cooperar para que possamos em 2022 dizer enfim, eu sobrevivi.
A empatia me ajudou a sentir o outro.