Assimilando empatia através de neurônios espelho

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Educar não é só transmitir conhecimento, mas em primeiro lugar falar sobre o ser humano que o produziu (CURY, Augusto, 2016, p. 201)

Por Tania Pellin 

De acordo com a Neurociência, empatia é uma característica natural da humanidade, possibilita viver em sociedade e tolerância, permite bom funcionamento do cérebro envolvendo componentes afetivo, cognitivo e regulador de emoção, combinando atos conscientes e inconscientes. O neurônio espelho é responsável pela compreensão do outro, permite aprendizado por imitação quando podemos observar ou até reproduzir comportamento do outro. Para LAMEIRA (et al, 2006) os neurônios espelho são cruciais no comportamento humano, são ativados quando se observa outra pessoa, a exemplo de quando alguém faz um movimento corporal complexo, nossos neurônios, identificam em nosso corpo mecanismos proprioceptivos, imitando estes movimentos de forma inconsciente, “Mas esses neurônios-espelho permitem não apenas a compreensão direta das ações dos outros, mas também das suas intenções, o significado social de seu comportamento e das suas emoções”.

Também vivenciamos estas intenções e comportamentos em sala de aula.  Nestes tempos de pandemia, devemos mais do que nunca viver em estado de empatia em relação aos nossos alunos. Nossas incertezas também são as deles, considerando-se ambientes familiares e percepções diferentes. Devemos sempre estar com o polvo do humor no lado do sorriso.

Ser empático no ambiente escolar demonstra respeito pelo educando, estamos como educadores, nossos alunos em muitos momentos só podem contar com o professor. Precisam de apoio, afeto, e a escola torna-se então um lugar onde o aluno sente-se acolhido, Para Piaget, sem afeto não haveria interesse, nem necessidade, nem motivação; e consequentemente, perguntas ou problemas nunca seriam colocados e não haveria inteligência. A afetividade é uma condição necessária na constituição da inteligência (1992, p.32).

Devemos estar preparados para a Pedagogia do Acolhimento, ser o mediador entre aluno e escola. Ao receber um aluno, estamos colocando diante dele infinitas possibilidades, cabe ao professor acolher, mas sempre lembrando “é na família que a criança encontra os primeiros ‘outros’ e, por meio deles, aprende os modos humanos de existir- seu modo adquire significado e ela começa a constituir-se como sujeito (SZYMANSKI, Heloisa, 2009, p.22). Neste sentido, a empatia também se aprende em casa, na escola apenas lapidamos a joia da família.

Não devemos julgar a criança pelo comportamento anterior, é de extrema importância deixar para o passado, o que de fato lá deve estar, olhar para o presente e no presente a criança está sentada a minha frente, suas atitudes importam, assim como seu sorriso, ansiedade, alegria e vontade apenas de ser criança. Assim começa minha empatia com esta joia da família.

O aluno ao mudar de escola, o professor deve ter a fiel segurança para ela recomeçar. Quando mudamos de ambiente, queremos ter uma oportunidade de recomeçar. Sendo assim, ser acolhido com sorriso e alegria, lhe concederá a certeza que pode contar com o professor. Para Saltini, a criança quer um espaço dentro da escola para colocar em evidencia suas ideais, fantasias, descobertas, invenções, desejos e sonhos, dão sentido aos objetos do mundo, criam seus símbolos e valores, “ A partir disso e com isso devemos respeitar e criar uma metodologia pedagógica que leve o sujeito ao seu pleno desenvolvimento (SALTINI, 2008, p. 31).

A empatia deve ser uma habilidade para aproximar as pessoas, professor x aluno…construindo assim uma relação mais saudável, onde os limites pré-estabelecidos serão pensados de maneira coerente. Precisamos estar preparados para o que o futuro está por impor. Estamos de fato? “As escolas deveriam entender mais de seres humanos e de amor do que de conteúdos e técnicas educativas. Elas têm contribuído em demasia para construção de neuroses por não entenderem de amor, de sonhos, de fantasias, de símbolos e de sofrimentos” (SALTINI, 2008, pág.16)

Precisamos nos voltar para nós mesmos, e ver se estamos fazendo a diferença na vida de alguém que a nós foi confiado. Quando um responsável, confia a nós seu filho, ele tem confiança no trabalho que iremos desenvolver com o mesmo. Ser empático é essencial no cotidiano de um professor, se ele desejar fazer a diferença na vida do educando.

Para o filósofo francês Merleau Ponty, na Teoria da Percepção, a sensação é fundamental para compreender a percepção, refere-se ao mundo dos objetos culturais, relações sociais, diálogo, tensões, contradições e o amor como amálgama das experiências afetivas.

Segundo ele, nós compreendemos o outro porque temos dentro de nós a mesma experiência, assim é o neurônio espelho.

Que a nossa experiência seja sempre como o lado sorridente e alegre do polvo do humor.

 

Tania é graduada em Pedagogia pela Faculdades Integradas de Naviraí –
FINAV, em 1996, Naviraí/MS. Especialista em Psicopedagogia pelo Centro
Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN, em 2007, Dourados/MS. Atua como
professora na Fundação Lowtons de Educação e Cultura – FUNLEC/ Bonito/MS.

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