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Por Rosildo Barcellos

Miranda cantada em versos, Miranda contada em prosa, de façanhas sem fronteiras, de área portentosa, pelo desenvolvimento, pela hospitalidade, pelo exemplo sulino, pelas personalidades, a ti cidade sorriso, baluarte da nação, hei de honrar a tua flâmula, hei de amar o teu brasão, assim conta um trecho do Hino da cidade de Miranda, berço da história do Estado.

Possui um patrimônio histórico que remonta a Guerra da Tríplice Aliança, sendo palco de muitos acontecimentos, que refletem hoje no que é o nosso Estado. Fundada a partir da construção do Presídio Nossa Senhora do Carmo do Rio Mondego, reduto construído pelo governador Caetano Pinto de Miranda a mando do Capitão das Conquistas João Lemes do Prado, que desbravou os rios Mbotetei (Miranda) e Arariani (Aquidauana), encontrando as ruínas de Xerez, cidade fundada em 1579 e destruída pelos índios Guaicurus, e, que, na ocasião, tinha o objetivo de defender a região contra possíveis ataques dos (Castelhanos de Assunção). A 16 de julho de 1778, era chamada de Mondego, e em 1835, o local passou a se chamar Nossa Senhora do Carmo de Miranda e sua comarca abrangeu todo o Planalto do Amambai.

Em 1857, Francisco Rodrigues do Prado (irmão do fundador do presídio) consegue por meio de lei provincial transformar a localidade em vila com o nome de Miranda, sendo uma homenagem ao ex-governador que iniciou a construção do presídio. Entretanto, os homens de Francisco Izidoro Resquim, num total de cinco mil soldados, invadiram Mato Grosso, com uma coluna chagando até Miranda. A invasão se deu em 28 de dezembro de 1.864, por Bela Vista, tendo as tropas paraguaias chegando à vila de Miranda em 12 de janeiro de 1.865, causando destruição e se apropriando da maioria do gado e cavalos existentes na Fazenda Imperial do Betione.

Com seu povo batalhador que buscava o progresso, a cidade é reconstruída novamente. No primeiro censo nacional realizado 94 anos depois, Miranda era a cidade mais populosa do sul de Mato Grosso com 3852 habitantes. Atualmente a cidade possui cerca de 27 mil habitantes e comemorou aniversário em 16 de julho. Nesta data também é celebrado o Dia de Nossa Senhora do Carmo, padroeira da cidade e nome da Igreja Matriz. Há na cidade alguns prédios históricos, como o antigo e o atual prédio da Prefeitura, da Usina Açucareira Santo Antônio, da Igreja Matriz e o da Estação Ferroviária, inaugurado em 1912. O Rio Miranda corta o município e faz com que muitos turistas procurem a região para pescar e descansar. Para isso, há diversos hotéis, pousadas, como por exemplo, o Hotel Águas do Pantanal, no centro da cidade e pesqueiros em Salobra, como o Pesqueiro da Neuza.

Além do turismo, a pecuária também movimenta a economia, o turismo contemplativo como a fazenda São Francisco e o de eventos, infelizmente prejudicado pelo coronavírus. Mas ficou evidente por duas importantes páginas da história, que foram escritas na região, a primeira em 1865 quando os paraguaios destruíram edificações na cidade, e depois quando, em 1885 (três anos antes da declaração da Princesa Izabel pela Abolição da Escravatura), o Clube Emancipador de Miranda, com o apoio da Câmara Municipal, alforriou seus escravos. Assim é Miranda, história e tradição a céu aberto.

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