Bonito – fascinante e sedutor

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   `Por Tania Maria Pellin

Ter o privilégio de morar em uma cidade conhecida mundialmente por possuir águas cristalinas é algo memorável, e, quem tem a simplicidade de uma criança no olhar, quem sabe sonhar, ou, até mesmo brincar com as palavras pode perceber. Manoel de Barros como ninguém soube brincar com as palavras, olhava com olhos de quem percebe o incomum além do horizonte – se encantava com o simples, e tudo virava poesia.

As palavras vinham de encontro ao papel onde as rabiscava. Este magnífico trecho do poema de Manoel de Barros, O Rio que fazia uma Volta, no livro das Ignorãças 2001, demonstra quão apaixonado ele era, “O rio que fazia uma volta atrás de nossa casa era a imagem de um vidro mole que fazia uma volta atrás de casa. Passou um homem depois e disse: Essa volta que o rio faz por trás de sua casa se chama enseada. Não era mais a imagem de uma cobra de vidro que fazia uma volta atrás da casa. Era uma enseada. Acho que o nome empobreceu a imagem”. Ah Bosco Martins, quanta saudade deve ter do Manoel, o poeta das ruas entortadas de Cuiabá, o homem que amava os que viviam de barriga no chão.

No caso de Bonito das águas claras, o nome não empobreceu a paisagem, ao contrário deixou-a fascinante e sedutora.

Quando temos a oportunidade de contemplar a beleza de Bonito – MS, ficamos apaixonados, a magia do lugar fascina, de fascinados acabam ficando, constroem casas, compram, vendem, plantam árvores e constroem pousadas, assim como um jovem de Fernandópolis construiu em nossa cidade o Hotel Fazenda Rio Formoso, talvez pensando na “ Venda do Tatu”.

A poetiza Ila Monterio, no livro Quando Florescem os Pantanais, já descreveu o quão apaixonante é estar aqui, e descreve sobre o rio Formoso: Tu és uma bênção divina, que a todos seduz, fascina! Quanta beleza conténs, verde, belo e majestoso. Tu, bem mereces Formoso, o justo nome que tens. Os rios são estradas por onde andam meninos como o Manoel, nas suas Ignorãças, desacostumando as palavras.

Poder observar como as águas mansas e silenciosas serpenteiam por entre as matas, formando as mais belas paisagens, com suas cachoeiras e belezas naturais, observar como os peixes se locomovem na água, e ficar fascinado com suas peraltices em busca de frutas, com tantas belezas naturais, morar aqui, tem suas vantagens. É um pequeno paraíso, na região Centro-Oeste, que precisa continuar a ser assim, tipo formoso e formosinho.

Aqui, muitas histórias de amor iniciaram, muitos jovens descobriram seus talentos, pois “Em cada árvore, cada rio, cada pedra, estão depositados séculos de memória” (Simon Shama, 1996).

Precisamos valorizar o que possuímos! Manoel de Barros em   Memórias inventadas, salienta, onde a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós.

Bonito produz este encantamento, podemos até ter saudades de Fernandópolis, mas aqui é o lugar que Deus escolheu para mim, me presenteou com o primeiro poema Neurose e a felicidade de aprender as primeiras palavras em francês com Dona Iracê Miriam de Castro Martins. Bonito encanta mesmo a todos, até os jovens da Cantina do Colégio São Luiz, de Jaboticabal.

Segundo Miguel Torga, escritor português, vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso. Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite. Ora, o que pretendo mostrar, meu e de todos os que queiram merecê-lo, não só existe, como é dos mais belos que se possam imaginar.

Para nós bonitenses, este reino maravilhoso é aqui, local onde podemos no cotidiano, viver em contato com a mais bela e esplendida natureza que já contemplamos.

Permita-se a todos fascinar e ser seduzido.

 

Tania é graduada em Pedagogia pela Faculdades Integradas de Naviraí –
FINAV, em 1996, Naviraí/MS. Especialista em Psicopedagogia pelo Centro
Universitário da Grande Dourados – UNIGRAN, em 2007, Dourados/MS. Atua como
professora na Fundação Lowtons de Educação e Cultura – FUNLEC/ Bonito/MS.

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