O ladrão do tempo

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Por Tania Maria Pellin

Se fizermos uma analise momentânea em episódios aos quais conhecemos, veremos que em muitas situações o tempo foi de alguma forma, roubado de alguém. “Foi roubado de Mario Quintana, escritor modernista “poeta das coisas simples”, para ele o tempo era materializado no relógio,“ O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família. No poema O tempo, sabiamente ele diz: Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é Natal… Quando se vê, já terminou o ano… Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos!” Mario Quintana, refletiu sobre o tempo, a vida e o amor, foi consumido pelo tempo em 5 de maio de 1994. Quantas saudades do Mario e do tempo que as vezes não temos.

Em Gênesis, temos a história de Adão, homem ao qual foi roubado o precioso tempo que poderia desfrutar em um lugar inimaginável aos olhos do homem. Adão passa a habitar esta Terra, a qual viveu. E a história segue; Abel tem sua vida tirada por seu irmão Caim, pois este não aceitava ver seu irmão Abel assistido pelo Criador.

Tantos episódios podem ser descritos neste sentido. Sempre existe um usurpador do tempo.

John Boyne, autor do Menino do Pijama Listrado, nos presenteou também com o romance, O Ladrão do Tempo, este, traz a trama de um homem que deixa de envelhecer. E lá se vão mais de 250 anos, triste, poderíamos dizer,  ver tudo passando, e ele ali, vendo o tempo ser roubado das pessoas que amava. Mas, este homem, na verdade, aproveita a vida que lhe foi dada, pois gostava de viver e de fazer coisas úteis com seu tempo, seu nome era Matthieu Zéla.

No mundo contemporâneo ao qual fazemos parte, a cada ocasião somos expostos a milhares de informações e estímulos que trabalham como ladrões do tempo. Mas quem são estes ladrões de tempo? Digo-te, “Os ladrões do tempo” são agentes que interrompem a nossa produção e nos impedem de manter a concentração para um fluxo de trabalho contínuo. Impede-nos de usufruir dos prazeres da vida, como sorrir, amar, cuidar e ser cuidado, enfim, viver a intensidade da vida.

Ao analisarmos a passagem do homem durante os séculos, veremos que a cada década, período ou século, o homem se depara com este ladrão do tempo. Por diversos fatores perdem a habilidade em focar no que seria de fundamental importância.

Somos donos do nosso próprio tempo e quem faz dele a duração perfeita somos apenas nós! Mas, será mesmo que somos “donos” deste tempo que dispomos? Ou estamos sendo meros escravos do tempo marcado pelo tic-tac do relógio? Tenho hora para almoçar, hora para jantar, hora para dormir. Ou seja, temos o nosso tempo controlado pelo sistema que não quer anarquias. E claro, precisamos concordar.

Mas quero falar hoje a respeito de outro ladrão de tempos, um bem conhecido, que entrou em nossas vidas de maneira sutil. Assim que a globalização, ou seja, este fenômeno de integração social, cultural e econômica do espaço geográfico, passou a ser possível em escala mundial, este ladrão foi ocupando espaços que outrora desfrutávamos. Nem percebemos que estamos sendo logrados, que o tempo se vai e não podemos recuperar.

O avanço tecnológico dos meios de telecomunicação e transporte, vem permitindo um rápido fluxo de informações e circulação de pessoas. O que podemos perceber como aspecto mais visível nesta globalização cultural é a influência dos meios de comunicação de massa, como celular, televisão, cinema e claro a internet, sendo a última vilã quando empregada de forma negativa – sempre a nos roubar o tempo.

O ladrão de tempo aqui mencionado faz referência ao uso excessivo de informações bem como o uso do Smarphone em locais inapropriados. Sem percebermos este simples e singelo aparelho vai roubando nosso tempo, tempo este que deveria ser precioso, em meio aos afazeres na sociedade atual. Deixamos de conversar com nossos filhos, com as pessoas que amamos, para ficar no computador, nos celulares, tablet ou outro semelhante.

Hoje, tudo passa sem que nos demos conta da velocidade com que as coisas mudam. A modernidade exige que seja assim. As lojas são virtuais, os livros virtuais, jogos, atrativos, enfim, como não estar conectado? Sendo assim, o que preciso fazer para retomar o rumo da minha vida e não se deixar levar por um ladrão do tempo tão atrativo? Não é fácil responder, exige boa vontade, trazer de volta os bons hábitos que há muito estão esquecidos, como uma boa leitura em um livro físico, permitindo-se  grifar, escrever, deixar sua marca neste que ao toque de suas mãos ao folhear suas páginas  lhe trás alguns ensinamentos. Ou talvez poderíamos sentar-se junto a um idoso que vê a vida passar, parecendo lhe fugir os pensamentos. Seria uma alternativa e uma alegria de quem espera pelo fim do seu tempo.

Como já dizia Abu Shakur: “Talvez o tempo te ponha na sua escola, pois não terás melhor professor que ele”. Que este professor chamado tempo, possa ter a oportunidade de lhe ensinar a dar prioridade ao que de fato é importante em sua vida.

Que num futuro breve, possamos dizer, aproveitei o melhor da vida junto a quem amei. Sejas sábio! Valorize o que possui.

E quanto ao “ladrão do tempo” este inconveniente que insiste em abiscoitar o maior tesouro que possuímos, propomos hoje uma trégua a sua ação! Proponho-te a fazer diferente, se permita viver a vida de outra maneira! Vamos nós conseguimos!

 

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