O relatório produzido pela Fundação Neotrópica do Brasil durante os estudos para identificar as causas do fenômeno de turvamento do Formoso foi apresentado a sociedade nesta sexta-feira (18) e revelou um processo de desbarrancamento das margens na área alagada do principal rio de Bonito, conhecida como banhada. A situação deve ser monitorada nos próximos meses para se verificar a necessidade de intervenção.
A apresentação do projeto, feita por videoconferência, foi o ponto de partida das discussões sobre medidas de como se evitar que as águas cristalinas do Formoso ganhem aspecto leitoso, como aconteceu no mês de abril e maio.
Durante o estudo, as equipes da Fundação percorreram a extensão do rio e após sete quilômetros do ponto de partida – a Praia da Figueira – encontraram um desbarrancamento das margens, na região de banhada do Formoso, gerando o visível turvamento das águas. O terreno ali, conforme a equipe de pesquisadores, é conhecido como tufa calcárea pulverulenta.
A tufa é uma rocha esbranquiçada formada a partir de sedimentos em água doce ou água subterrânea, cujo depósito de carbonato de cálcio incorpora plantas e conchas ao longo do tempo. Em Bonito, os pesquisadores perceberam que a rocha “esfarelava” com facilidade e estava sendo levada pelo fluxo normal da água, a deixando turva.
Foram realizadas ainda coleta da água em vários pontos do rio em dias diferente. Em dois deles foram identificado aumento considerável do grau de turvamento, mesmo sem chuvas: no Balneário Municipal de Bonito e da Fazenda Santa Eugênia, locais mais próximos a banhado do Formoso.
Apesar das águas leitosas, não foram identificadas outras alterações que apresentassem risco a saúde do rio.
O tema foi debatido após a apresentação e ficou decidida a continuidade do monitoramento do Rio Formoso nos próximos meses, com objetivo de identificar a real necessidade de intervenção na área que sofre com o desbarrancamento e a erosão. Além disso ficou decidida medidas para intensificar a educação sobre a proteção do banhado.
“O banhado é uma região frágil, que tem importância muito grande na qualidade e quantidade de água de toda a região, para o ciclo hidrológico inteiro. Por isso vamos levar essa discussão de que é preciso proteger os banhados, vamos fazer um estudo sobre a dinâmica do solo da região para implementar medidas, como por exemplo de mitigação da erosão e aumento da proteção das matas ciliares que muitas áreas não têm na região do banhado”, explicou o biólogo da fundação, Guilherme Dalponti.