Anos de violência, física e psicológica, finalmente chegaram ao fim com a prisão de um homem de 40 anos na noite desse domingo (2), em Bonito. Os policiais foram chamados depois que o suspeito agrediu a esposa de 38 anos e a arrastou pelo chão por mais de 300 metros. O homem tentou fugir, chegou a pular de um telhado para escapar e chutar um dos policiais.
O caso foi registrado no fim da tarde de ontem. Os policiais foram chamados por moradores que ouviram a vítima gritar por socorro no meio de uma das ruas da Vila Machado. Quando chegaram, encontraram a mulher desesperada.
Nervosa, ela contou que foi agredida pelo marido, espancada por aproximadamente 300 metros, a puxou pelo cabelo, pelo braço e ainda estregou seu rosto no chão.
O casal, segundo a Polícia Militar, tem histórico de violência. Por várias vezes, os militares foram chamados até a casa da família, mas nunca foi comprovada lesões na vítima e ela nunca manifestou vontade em denunciar o marido. Desta vez, no entanto, relevou o medo do parceiro e os anos de terror que viveu ao lado dele.
A mulher contou aos militares que as agressões acontecem frequentemente há 20 anos, que por várias vezes foi espancada e até forçada a fazer sexo com o marido, mesmo sem vontade. Juntos, possuem sete filhos, mas nem durante as gestações foi poupada. Apanhou grávida, levou socos e chutes na barriga e na costela.
O mais grave, revelou, foi uma tentativa de homicídio. A mulher foi esfaqueada e mostrou para os policiais as cicatrizes do crime, que ainda marcam sua pele.
As agressões, segundo o boletim de ocorrência, também se estendiam aos filhos do casal. Para evitar que a mulher procurasse a polícia, o homem ameaçava a própria família. Afirmava que se fosse investigado, derramaria gasolina nas crianças – uma delas com deficiência física – e atearia fogo nelas e na casa.
No registro feito na Delegacia de Polícia Civil de Bonito, os policiais militares reforçaram que as crianças estavam em situação de miserabilidade, sem qualquer amparo dos pais e precisavam de apoio de especializado da assistência social.
As sete crianças foram entregues a irmã do suspeito.
A prisão
Diante do relato e da crueldade dos crimes, os policiais miliares saíram em busca o suspeito. Em determinado momento, notaram um homem na laje de uma casa perto da residência da família. Perceberam que ele cuidava a movimentação da rua e por isso desconfiaram que era o autor do crime.
Os militares então fecharam a saída da casa e um deles entrou no terreno. Quando começou a subir na laje para conversar com o possível suspeito, o homem negou se entregar e pulou do telhado. Ele carregava um facão e caiu de mal jeito, bateu a cabeça no chão, mas ainda assim, tentou escapar.
Ferido e sem o facão, que caiu de sua mão quando ele pulou da laje, foi para cima dos policiais que impediam sua passagem. Chutou um dos militares da equipe e neste momento, foi atingido por um tiro de bala de borracha, só assim foi contido, algemado e levado para a delegacia.
O caso foi registrado na Polícia Civil como lesão corporal dolosa, quando há intenção de ferir, ameaça e resistência.