Moradores acreditam que aparecimentos podem estar ligados a quarentena
As aparições das sucuris em Bonito têm sido cada vez mais frequentes. Nas últimas semanas, vídeos e fotos acompanhados de alertas a banhistas e moradores estão ganhando as redes sociais. Foi justamente o flagrante aos passeios das serpentes que chamou atenção para um bairro da cidade.
Conhecido como Solar dos Lagos por abrigar um conjunto de lagos, formados pela exploração de calcário na região e uma área de reserva ambiental, virou área nobre de Bonito, com casas de médio e alto padrão. Recentemente, se tornou também, protagonista nas aparições das sucuris.
Um dos vídeos foi gravado pela fotografa Yasmin Terena. Ela e duas amigas aproveitam a beleza dos lagos para um ensaio fotográfico quando deram de cara com a serpente. O encontro rendeu tanto, que virou animação para agência em que trabalha, como forma de atrair visitantes.
Para Mara Barbosa, que mora no bairro há mais de cinco anos, a aparição das sucuris não é algo novo e está diretamente ligada a área de reserva ambiental que cerca a região. “Eu acho que aqui é quase como um berço para elas. Dentro da área de reserva ali, que é cercada e geralmente as pessoas não têm acesso, tem vários lagos também, alguns como este, cercado de vegetação. Eu entendo que isso seja um local ideal para as sucuris”, detalhou.
Apesar do costume em ver as sucuris e vários outros animais silvestres no bairro, Mara conta que de fato os registros aumentaram e para ela, isso pode estar ligado a redução no movimento de banhistas nos lagos, por conta da quarentena.
Segundo a moradora, as nascentes de águas cristalinas já foram muito utilizadas pelos moradores como local de banho. Com o aumento das casas e posteriormente, a instalação de uma guarita no local, os visitantes diminuíram, mas ainda assim, aparecem nos dias de muito calor, em busca de um local mais tranquilo. “Agora, com a quarentena, o movimento diminuiu de vez, e eu acho até, que isso está influenciando no aparecimento das cobras. Como não tem muita agitação, elas se sentem mais seguras para sair”, comenta.
Henrique Naufal, idealizador do Projeto Jiboia, que há 16 anos trabalha com proteção das serpentes em Bonito, explica que o barulho em si, não tem relação, porque as cobras não possuem sistema auditivo, porém a diminuição de pessoas no local, pode ser percebida pelas cobras através de vibrações.
Porém, para Henrique, esse aumento no número de aparições está diretamente ligado a preservação, motivada principalmente, pela visibilidade que elas têm ganhado ao longo dos anos. “Projetos como o meu, com as Jiboias, como o do Juca Ygarapé, que tem se aventurado atrás de imagens de sucuris gigantes, ganharam repercussão mundial e hoje tem gente que vem a Bonito só para ver a cobra na natureza. Com isso as pessoas deixaram de vê-las como um risco em potencial e passaram a preservar e agora, as serpentes já conseguem sentir essa segurança”, explica.
A explicação do ambientalista pode ser reforçada por outro vídeo, dessa vez gravado do outro lado da cidade, bem no meio do Balneário Municipal, quando uma das já moradoras do local, decidiu dar uma passeada em pleno horário de funcionamento do atrativo.