Revolta silenciosa do Sutiã – Parte I

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Tania Maria Pellin

Há tempos quero escrever sobre nós mulheres, mas, não apenas como somos, mas porque usamos determinadas peças, suas cores, tamanhos, sua história, então resolvi fazer estes pequenos apontamentos sobre esta criação maravilhosa –  sutiã. Se antes o asfixiante espartilho representava opressão, nos dias de hoje significa liberdade e ousadia, a emancipação da mulher não está apenas no que pensa e como age, não apenas no trabalho ou cuidando da família, mas também na intimidade. Penso em escrever este texto em duas partes, e o próximo assunto, já podem imaginar o quão minúsculo e colorido pode ser.

No clouset ou em uma gaveta, lá está ele, de várias cores e modelos, nosso amigo inseparável. Acompanham-nos todo o dia, a todos os lugares: a festas, academias, praças entre outros.  Do francês soutien, que significa apoio, suporte, surgiu quando Herminie Cadolle resolveu cortar em duas partes o asfixiante espartilho, patenteou esta mudança em 1889. Porém, a configuração conhecida atualmente foi criada por Marie Polly Jacob, ao desenvolver uma peça em 1913 para um vestido de festa.

A coragem em lutar contra a gravidade, sua história e uso, remonta a Ilha de Creta em 2.500 a C., as cretenses usavam um corpete feito de tiras de tecidos para deixá-los mais bonitos. Por volta de 1.500 as Atenienses o usavam como peça de valorização do corpo e as Espartanas para manter o busto preso durante treinos e ginásticas. Na Roma, com a valorização corporal dos guerreiros, as mulheres foram obrigadas a usarem faixas apertadas para diminuir o volume. O asfixiante espartilho vai surgir na Europa Medieval por volta de 900 d.C. quando mulheres para manter a silhueta esbelta o apertavam até não poderem mais, esta prática causou a morte de muitas delas.

No final do século XIX e raiar do século XX, em meio a transformações, progresso e euforia da belle époque, até que enfim chegou nosso amigo do peito, inglesas com os brassére, francesas com o soutien.  As primeiras fotos desta maravilha publicadas na Revista Vogue, em 1914 chocou a muitos, mas foi um sucesso entre as mulheres. A estilista francesa Gabrielle Bonheur, mais conhecida como Coco Chanel, promoveu mudança na silhueta feminina, substituindo o espartilho por um modelo mais fácil de tirar e colocar. Com a utilização do nylon para produção de modelos mais elásticos a partir de 1937 e criação do meia taça em 1945 pelo Engenheiro da Aviação Howald Hughes para a atriz Jane Russel, o popularizou, quem não tem? – Suspiro para todas ocasiões.

Uffa! Que alívio.

Mary Del Priore, na espetacular obra História das Mulheres do Brasil, trouxa à baila, a participação das mulheres na construção de uma História contada por homens. As mulheres venceram preconceitos e revelaram o universo feminino, seus amores, amados, corpo e sensualidade. Não só seus encantos perpassam pela sua obra, mas as mãos que trabalham, tecem e rompem paradigmas. Destarte, ao levarmos em consideração a história das mulheres, podemos conhecer a nós mesmos, A história das mulheres, não é só delas, é também aquela da família, da criança, do trabalho, da mídia, da literatura. É a história do seu corpo, da sua sexualidade, da violência que sofreram e que praticaram da sua loucura, dos seus amores e dos seus sentimentos. (DEL PRIORE, 2006, p. 7).

Todas estas transformações significando alívio e liberdade, foram acompanhadas por um grito silencioso das mulheres na luta pela sua emancipação – desde as senhoras recatadas e do lar, até as passarelas que anunciam o verão.

E neste grito silencioso, na gaveta das langeries, pouco a pouco vão surgindo peças de todas as cores e modelos, silenciosamente, mantidas como algo íntimo, secreto de cada mulher – mas com muita História para contar.

Mas algo acontece, o silêncio é quebrado.

Bem, mas esta é outra página –  fica para o próximo!

 

 

 

 

 

 

 

 

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