Medo da morte, não; horror da morte. Horror por ela ser, pelo que é. E pelo inevitável. Fernando Pessoa.
Em o Primeiro Fausto, Fernando Pessoa poeta português um dos expoentes do Modernismo, tinha horror a morte, quando seu pai morreu Pessoa tinha cinco anos, era um rapaz tímido e cheio de sonhos. Não deu tempo deconhecer melhor o pai. Diferente de Fernando, conhecemos muito bem um Pai exemplar, possuidor de valores invejáveis, amigo presente, atendia a todos que batiam a sua porta. Como professor, era encantador, como Diretor um exemplo, como lowtons acolhia a todos.
Sim, tivemos tempo de conhece-lo, mas não tivemos tempo de uma despedida, tínhamos ainda sonhos, fossem eles em Cabo Frio, ou em nossa querida Bonito. Em Tabacaria, o poeta português, escreveu: Não sou nada.Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Odinel Arruda Soares, a quem não tivemos tempo de uma despedida, tinha em si todos os sonhos do mundo. Segundo suas próprias palavras, ainda faltava completar um, não deu tempo. Um domingo antes de viajar para realizar exames, estivemos em sua casa, Saulo e Tania, na saída ganhamos um forte abraço, puxa vida era um abraço de despedida.
Nascido em Porto Murtinho, de família humilde, teve um pai que multiplicava os peixes, seu genitor quando ia pescar para garantir a mistura, as vezes trazia pescava apenas quatro peixes, na divisão era um para Odinel, um para Odilson, outro para a esposa e o último para ele. Em seguida pegava o dele e dividia em dois, uma parte para Odinel e outra para Odilson. Apreendeu com este gesto a ser verdadeiro pai, entendeu o sentido da paternidade.
Neste entendimento, foi um pai maravilhoso.
Veio para Bonito a convite do irmão Odilson Arruda Soares, que na cidade já trabalhava como Contador e dava aulas no Curso de Contabilidade na Escola Estadual Bonifácio Camargo Gomes. Formado em Geografia foi Diretor da mesma escola onde o irmão foi professor, naquela escola conduziu e inspirou vidas duas décadas. Nesta vontade de ser útil a comunidade bonitense, foi Vice-Prefeito na Gestão do Sr. Nercy Soares dos Santos, de 1997 a 2000, ainda neste sonho de servir, foi eleito vereador para a Legislatura de 2001 a 2004. Assim como Gonçalves Ledo, firme em suas convicções, cumpriu papel de representante do povo na Casa de Leis da Cidade de Bonito, com galhardia, “ uma vez que tal honra lhe havia sido concedida pelo povo”. Sr. Odinel pertenceu aos quadros da Loja Maçônica Gonçalves Ledo 16 da Cidade de Bonito – MS.
Apaixonado e entusiasta pela educação, foi Secretário Municipal de Educação, na gestão do Prefeito Jose Arthur Soares de Figueiredo. Quanto pensávamos que sua missão, na hercúlea tarefa em defesa dos valores humanos mais elevados, através da educação tinha sido cumprida, surgiu mais um desafio, ser Diretor do Colégio Honorato Jacques, onde desde 2015 exercia com dignidade e amor a Direção da escola, até nos deixar para se encontrar com o Grande Arquiteto do Universo
Das inúmeras homenagens postadas nas Redes Sociais, a de Marlan Pinheiro, Locutor e Assessor de Gabinete da Prefeitura Municipal de Bonito, parece refletir nossos sentimentos do muito que Sr. Odinel fez pela Educação em Bonito, para o locutor “Não há quem não tenha aprendido com Sr. Odinel. Seu legado na educação de Bonito ficará para toda a História”
Assim como Manoel de Barros, Sr. Odinel era um fazedor de amanhecer dava mais respeito aos que viviam de barriga no chão.
Nosso inesquecível Diretor, obrigado por existir, ensinar, viver, entusiasmar, construir, assim como para Fernando Pessoa a morte é inevitável, um até logo.
Dona Shirley, o cuidado do Sr. Odinel para com sua amada esposa sempre nos contagiou, estamos juntos na tristeza, mas também na certeza dos frutos, cujas sementes um dia foram plantadas por Odinel de Arruda Soares.
Tania e Saulo.